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Ego

Ego: o maior inimigo da

criatividade e do sucesso

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Não podemos reconhecer oportunidades — ou criá-las — se vivemos em nossa própria fantasia

Artigo de Ryan Holiday, 18 de abril de 2017

Todos nós temos objetivos. Queremos ser importantes de alguma maneira. Queremos ter liberdade e poder para correr atrás do trabalho criativo. Queremos respeito dos nossos semelhantes e reconhecimento por nossas conquistas. Não por vaidade ou egoísmo, mas por um desejo nato de atingir nosso potencial.

Apesar de cultivarmos a humildade como uma característica admirável, não temos certeza se ela poderá nos garantir nossos objetivos. Nós ficamos petrificados, como coloca o Reverendo Dr. Sam Wells, que se formos humildes, acabaremos “subjugados, pisoteados, envergonhados e irrelevantes”.

Passei os últimos dois anos trabalhando em um livro sobre ego, e ouvi de algumas pessoas versões sobre esse paradoxo. Elas concordam enfaticamente que o ego é ruim, que destrói a criatividade e a felicidade, que elas conhecem alguns sujeitos tóxicos e egomaníacos que se destruíram. E então elas dizem: “mas um pouco de ego ainda é importante, certo?”.

Mesmo pessoas que desprezam o ego e aspiram à humildade, que planejam ser humildes depois de se tornarem bem sucedidas, manifestam a preocupação de que essas crenças podem sentenciá-las a uma vida na obscuridade, fraqueza e falhas.

Permita-me falar sobre esse medo agora: ninguém precisa ser um babaca egoísta para ter sucesso. Na verdade, esse é um dos mitos mais equivocados e destrutivos em toda a cultura ocidental, logo depois da ideia de que qualquer pessoa precisa ser um viciado em drogas para ser um músico bem sucedido ou passar fome para produzir obras de arte memoráveis.

A ideia de que apenas os arrogantes, os sabe-tudo e ambiciosos implacáveis têm sucesso é uuma mentira. E uma mentira que desencoraja muitas pessoas com alto potencial — e pior, encoraja muitas outras a caírem direto na falência.

Figuras históricas nos mostram a verdade. Para cada Douglas MacArthur ou George McClellan, brilhantes porém ridiculamente convencidos de suas próprias grandezas e poderes, há um George Marshall, um general que conquistou muito mais (e sem alarde) e cobrou bem menos créditos ao longo do caminho. Para cada Paris Hilton ou Kim Kardashian (que, embora bem sucedidas, são herdeiras mimadas), há uma Katharine Graham, que nasceu na riqueza e fez muito mais com o que tinha.

Ego é certamente um fator presente em muitos dos maiores e mais estonteantes contos de sucesso — mas também está em algumas das maiores histórias de falhas e autoimplosão. Howard Hughes, John DeLorean, Ty Warner, Lance Armstrong, Richard Nixon.

Quando pessoas criativas alertam sobre o ego, elas não estão se referindo à uma definição freudiana ou a um diagnóstico psiquiátrico. Elas estão usando a definição coloquial — referindo-se ao perigoso ponto de inflexão onde nossa noção sobre nós mesmos e o mundo aumenta tanto que começa a distorcer nossa percepção de realidade. Como explicou o técnico de futebol Bill Walsh, “quando autoconfiança se torna arrogância, assertividade vira obstinação e segurança se torna abandono inconsequente”. É essa crença em nossa própria grandeza ou no quão especiais somos que esconde nossas habilidades criativas.

Os motivos pelos quais o ego é um matador de carreiras, e não uma vantagem matadora, são dois:

Primeiro, a essência da criatividade é uma profunda e contínua conexão com o mundo ao redor. Para produzir um trabalho duradouro e com significado, cada um deve entender a si próprio, outras pessoas e o seu ofício de forma intuitiva. Se ego é a voz que nos diz que somos melhores do que realmente somos, podemos dizer que o ego inibe a expressão artística ao prevenir uma conexão direta e honesta com o mundo ao nosso redor. Portanto, o artista precia ter uma certa quantidade de realismo, porque esse realismo é crítico para a arte, escrita, design, negócios, marketing e liderança.

A partir dessa conexão e entendimento, todas as outras partes importantes do quebra-cabeça vão se encaixando — por exemplo, não podemos refletir sobre verdade se somos incapazes de vê-la. Não podemos dar ou receber feedback se estivermos preocupados em ouvir ou se nossa própria realidade se sobressai aos padrões objetivos de que precisamos para sermos avaliados. Não podemos nos conectar com os outros se nossa atitude e abordagem os afasta — ou nos coloca acima deles. Não podemos reconhecer oportunidades — ou criá-las — se, ao invés de ver o que está à nossa frente, vivemos em nossa própria fantasia. Não podemos ser verdadeiramente confiantes a menos que tenhamos nossas habilidades precisamente em conta. E certamente não podemos motivar ou compelir outras pessoas a seguirem nossa liderança se não estamos aptos a compreender suas necessidades humanas mais profundas, geralmente ocultas.

Um dos fundadores do Alcoólicos Anônimos definiu ego como “uma separação consciente”. Separação de quê? De tudo e de todos — especialmente nossa audiência. Em outras palavras, você pode ficar preso na sua própria cabeça.

Em sua recente exploração sobre o que cria arte ruim, Toby Little expôs que “a escrita ruim é quase sempre um poema de amor escrito de mim para mim mesmo”. O ego bloqueia nossa capacidade de ouvir essa verdade. Mesmo trabalhos fantásticos de ficção e surrealismo requerem não apenas conhecimento da natureza humana e da verdade, mas, no curso de sua execução, irá exigir do artista a capacidade de receber, avaliar e integrar feedback, se ele espera entregar a mensagem com sucesso. Um criativo não pode melhorar ou aprender se ele pensa que já é perfeito. É por isso que descobrimos que, quando se trata da arte em si — independente do barulho e do marketing — o artista precisa ser humilde, dedicado e aberto.

Em segundo lugar, gerenciar uma carreira criativa requer uma conexão com a audiência, bem como uma rede de relacionamentos com gestores, clientes, agentes e outros personagens da indústria. O ego torna a gestão desses relacionamentos e o cultivo da audiência mais difícil, se não impossível, a longo prazo. Há uma cena quase inacreditável narrada na fascinante biografia de Ty Warner, o gênio do marketing por trás do bilionário império de Beanie Baby, escrita por Zac Bissonnette. No cimo da popularidade do brinquedo, Warner decidiu abruptamente descontinuaras vendas do Beanie Babies para vender Beanie “Kids”. Todos os que estavam próximos disseram a ele que os novos brinquedos eram feios, que ele estava cometendo um enorme erro. Temendo sua ira, a maioria dos empregados pararam de desafiá-lo (e quando o faziam, Ty questionava “quem é o bilionário aqui?”). Na véspera do lançamento, um conselheiro de confiança fez frente a ele e previu o insucesso do novo produto. Ty respondeu: “Seu eu colocasse meu coração em estrume, eles comprariam”.

Não é necessário dizer que eles não compraram. O mesmo comportamento que serviu como propulsor de Ty Warner ao sucesso também o empurrou para o fracasso — na verdade, por muito pouco ele evitou ir parar na cadeia alguns anos depois. John DeLorean, o brilhante engenheiro e designer de carros seguiu uma trajetória similar. Ele era criativamente brilhante, mas nenhum brilhantismo poderia compensar a destrutividade do seu ego. Foi o seu ego e sua falta de habilidade em trabalhar com outras pessoas que o levaram para fora da General Motors. Seu ego levou sua nova empresa ao caos e à disfunção. Em último grau, ao invés de refletir sobre seus fracassos e resolvê-los, ele bolou um plano para salvar sua empresa da insolvência com um negócio de cocaína estimado em US$ 60 milhões.

Quando as pessoas dizem que “um pouco de ego é bom”, elas estão considerando o assunto apenas em sua superficialidade. O que elas querem dizer é que o sucesso requer um pouco de confiança, de fé em si mesmo — e nisso estão corretas. Mas é crítico que se faça uma distinção entre confiança e ego.

O pioneiro do MMA e do UFC Frank Shamrock observou que, dos dois, apenas a confiança tem consistência. “Confiança é importante”, diz. “Mas o ego é algo falso. Humildade é o caminho para construir confiança, e ego é algo imensamente perigoso nesse esporte, porque se você confia no ego, você não está confiando nas emoções claras ou na causa e efeito. Você dá suporte a uma falsa ideia. É tudo lixo, ego é lixo”.

A confiança se baseia no que é real — e é conquistada. Ego se baseia em ilusões e desejos — e é artificial. A confiança não nos separa dos outros. Pelo contrário, nos permite relacionar melhor com os outros — porque remove a insegurança e o medo da equação. Quando você é confiante, pode ser empático e vulnerável. O ego nos torna babacas. Confiança — como pode atestar qualquer pessoa que já pisou num tatame — tem o efeito oposto. COnfiança gera calma, compaixão, curiosidade, cuidado. Ou seja: é tudo o que você precisa para ser criativo.

Ainda assim, persistimos na ideia de que o ego é algo que vale a pena ser cultivado. Dizemos a nós mesmos que precisamos de certa impetuosidade para ter sucesso. Por que? Medo. Se dedicar a um grande trabalho — seja nos esportes, nas artes ou nos negócios — normalmente é assustador. O ego alivia esse medo. É uma salvaguarda para a insegurança. Ao substituir a parte racional e consciente da nossa psique por turbulência e autoabsorção, o ego nos diz o que queremos ouvir quando queremos ouvir.

É um ajuste de curto prazo com consequências de longo prazo. Porque nós sabemos como as histórias terminam. E não são finais felizes. Não há multidões ovacionando, apenas vaias e zombarias. E aversão a si próprio. E desgraça. E implosão.

Pense em Lance Armstrong treinando para o Tour de France em 1999, ou em Barry Bonds quando não quis entrar no laboratório BALCO. Flertamos com a arrogância e com a fraude e, no processo, inflamos a importância de vencer a qualquer custo. Todos estão festejando, o ego diz, e você merece o mesmo. Não tem outro jeito de vencê-los sem isso, pensamos.

É por isso que precisamos resistir ao impulso em direção ao ego nas nossas buscas criativas. Precisamos suprimi-lo cedo para que possamos aprender e trabalhar sem distrações. Quando experimentamos o sucesso, precisamos aprender a substituir as tentações do ego por humildade e disciplina. Por fim, precisamos cultivar força, espírito e nossos próprios padrões para que, quando nossa sorte mudar, não sejamos destruídos pelo fracasso.

Resumindo:

Humildade nas aspirações;
Graciosidade no sucesso;
Resiliência no fracasso.

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